terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Calendário da Tradição Astrológica

Tratam-se de dois ciclos que se combinam mutuamente e que começaram no ano 1 da nossa Era.
Primeiramente, existe um ciclo maior ou Grande Ciclo, de 36 anos, que é governado pelo astro que rege o primeiro ano do ciclo anual.
A seqüência que governa ambos os ciclos é obtida na Estrela Setenária.

O ciclo anual é contado sobre as linhas da estrela, no sentido anti-horário.
O ciclo maior é contado sobre as linhas da estrela, no sentido horário.
O astro que governa o ciclo maior exerce a sua influência sobre todos os 36 anos, manifestando-se com maior poder nos anos que também é o regente do ano, ou seja, nos anos 1, 8, 15, 22 e 29 de cada ciclo maior.
Cada ciclo anual se inicia quando o Sol ingressa no signo zodiacal de Áries.

Em 1981, o Sol iniciou seu Grande Ciclo, que irá até 2016.
Podemos montar então a seguinte tabela para o Grande Ciclo do Sol e as regências anuais:

1981/1988/1995/2002/2009 - Sol
1982/1989/1996/2003/2010 - Vênus
1983/1990/1997/2004/2011 - Mercúrio
1984/1991/1998/2005/2012 - Lua
1985/1992/1999/2006/2013 - Saturno
1986/1993/2000/2007/2014 - Júpiter
1987/1994/2001/2008/2015 - Marte

A mesma Estrela Setenária também governa os dias da semana e as horas planetárias.
O significado dos astros neste sistema calêndrico é diferente daquele utilizado pela Astrologia contemporânea.

Seguem alguns significados das horas planetárias e que podem ser estendidos aos dias da semana, aos ciclos anuais e maiores (use apenas como referência).

Saturno: Reflexão profunda, estruturação de idéias e execução de tarefas que requerem paciência e disciplina. Pode ser depressiva.
Júpiter: Adequada para qualquer tipo de tarefa. Ideal para a expansão de horizontes e para inspiração. É necessário ter cuidado com exageros.
Marte: Ação, conquistas, inícios. Tarefas assertivas e competitivas. É necessário ter cuidado com lutas e desentendimentos.
Sol: Atividades energéticas ou relacionadas com liderança. Há que ter cuidado com o orgulho.
Vênus: Harmonia, beleza. Ideal para o prazer, para os contatos sociais e relacionamentos. Cuidado com os pequenos excessos.
Mercúrio: Comunicação, envio de documentos e assinaturas, renovação de documentos. É uma boa hora para atividades de estudo, ensino em aprendizagem em geral. Cuidado com as indiscrições, a má língua e as mentiras.
Lua: Ideal para tarefas mundanas (limpeza, compras, higiene). Uma boa ocasião para rever sentimentos e emoções. Cuidado com a sensibilidade, pois as coisas tendem a estar mais instáveis em horas lunares.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Verdadeira Astrologia Simbólica

Nos dias de hoje, é muito fácil obter um mapa astral.
Nem sequer é preciso conhecer Astrologia. Basta encontrar um dos inúmeros serviços oferecidos na Internet, digitar corretamente os dados de nascimento e, em frações de segundos, um gráfico cheio de símbolos logo surge na tela.
Graças aos mecanismos de busca ou a farta literatura nas prateleiras, há muitos que se atrevem a construir interpretações baseadas em “receitas de bolo” simplificadas e, na maior parte das vezes, parciais. Chegam ao ponto de argumentar que são “possessivos” porque “minha Vênus está em Escorpião”... como uma desculpa astrológica (esfarrapada).
Mas tem ainda o outro grupo, que estuda tarot, cabala ou alquimia e se depara com o emprego dos mesmos símbolos planetários e, de posse dos livros de Astrologia, conclui absurdos que fariam os antigos mestres se revolverem no caixão.
Neste artigo, gostaria de examinar exatamente este particular, dos símbolos planetários empregados em outras Artes.

É consenso que, das Artes, a Astrologia é a primeira a surgir, entre os sumérios, por volta do ano 3800 ou 3500 aec. A hipótese exógena é comumente aceita hoje em dia, particularmente a Hipótese Cosmológica de Nast e Bernal, lançada na década de 30. Nela, a evolução intelectual da humanidade se dá em áreas distintas, aos saltos, promovida por “instrutores” em locais definidos do globo. Assim, os sumérios foram instruídos em várias artes, como a Arquitetura, Leis e a Matemática. Eles desenvolveram um intrincado sistema numérico através dos quais realizavam seus cálculos, registrados em tabuinhas de argila (cerca de 30 delas se encontram preservadas no Museu de Londres), datadas de cerca de 3800 aec.
A Astrologia surgiu na esteira da Matemática e tinha como finalidade a marcação do tempo, ou seja, era calêndrica. Alguns dos símbolos que hoje empregamos surgiram neste período, embora tenham sido modificados ou adaptados pelos gregos.
Da mesma forma que a semana de sete dias e os nomes e significados de cada dia da semana.

Gostaria de destacar esse ponto.
Hoje, entende-se como Astrologia a arte que emprega a posição dos astros para emitir julgamentos. Por muito tempo, os presságios astrológicos eram emitidos em retrospecto, pois as posições dos astros eram conhecidas apenas por ocasião de seu registro. Não havia instrumental matemático para prever as suas posições futuras. Assim também era a Astrologia praticada pelos sumérios.

Existe um problema grave com o Conhecimento Astrológico, já que entre o seu surgimento e a sua sistematização há cerca de 3000 anos. Numa região e num tempo em que a humanidade se encontrava envolta num manto de superstições, não podemos esperar outra coisa do dito Conhecimento Astrológico. Ou seja, o conhecimento original da Astrologia ficou perdido para sempre e, a Astrologia praticada posteriormente não mantém nenhum vínculo com aquela recebida pelos sumérios.

Em cerca de 400 aec, começam a surgir as primeiras “enciclopédias” astrológicas, organizadas pelos gregos. Pouco tempo depois, surge a Escola de Alexandria, onde árabes e gregos se reuniram para sistematizar o conhecimento da época, inclusive o Astrológico.
O pensamento filosófico grego se fundiu com a álgebra árabe no cadinho desta Escola, resultando nos primeiros compêndios de Astrologia.
Contudo, seu modus operandi ainda era de presságios em retrospecto. Assim, para erigir o tema de nascimento, fitava-se o céu (e não a tela de um computador). E por falta de melhores referências (efemérides), não era possível fazer uma previsão nos moldes astronômicos como a que se usa empregar modernamente.
As tabelas resultantes, especialmente aquelas desenvolvidas por Abu Mas’Ar e conhecidas pelo nome de Firdárias, são uma espécie de calendário mágico estabelecido para o nativo a partir de certas condições, com o objetivo de cobrir a lacuna da Astrologia previsional.

A Alquimia organizou-se neste cadinho ideológico e tomou emprestados os símbolos utilizados pela Astrologia para designar os seus processos, pois isso lhe traria maior credibilidade e tornaria esta disciplina de entendimento apenas pelos "iniciados".
A Cabala é uma corrente filosófica que surge alguns milênios antes, de maneira independente da Astrologia. Porém, toda vez que há uma referência associada ao tempo ou a ciclos, utiliza igualmente os símbolos astrológicos. Em outras palavras, mantém a sua referência calêndrica associada à sua conotação e significados mágicos.

Ou seja, embora os símbolos sejam os mesmos, em diferentes disciplinas, um mesmo símbolo tem significados diferentes conforme a Arte que os utilize.

As primeiras efemérides razoáveis surgiram por volta de 200 aec e, apesar dos erros grosseiros que continham, permitiram aos astrólogos de então estabelecerem uma astrologia de predição, a partir da possibilidade de prever empiricamente onde um dado astro estaria num certo momento. Dá-se então a ruptura entre a Astrologia calêndrica e de forte componente mágica e aquela de referência astronômica.
Porém, os mitos gregos só passaram a fazer parte da Astrologia após C. G. Jung, no início do séc. XX. Antes disso, entre a publicação do Tetrabiblos, de Ptolomeu (cerca de 150 ec) e a Astrologia Cristã, de Lilly (séc. XVI), o aprendizado da Astrologia demandava um longo e árido estudo, que poderia levar até 12 anos!!!

Obras consultadas:
O Instinto Geométrico, Horst Ochmann, Ed. Sulina, 2002.
História da Astrologia, Kocku von Stucrad, Ed. Globo, 2007.
Classical Astrology for Moderm Living, Lee Lehman, Whitford Press, 1996.